Suponha-se
que estamos tentando expressar-nos em palavras. Para termos sucesso em
clarificar nossos pensamentos e emoções, devemos abordar a tarefa com
tanto respeito e consideração pelas próprias palavras quanto por aquilo
que estamos tentando dizer com elas. O esforço para descobrir o que
pensamos ou sentimos, o esforço para produzir um enunciado claro, é
assim, inevitavelmente, também um esforço para melhor descobrir de que
são capazes as palavras que estamos explorando. Assim como Cézanne fez
descobertas sobre a pintura ao pintar o Monte Sainte-Victoire, e só teve
sucesso em capturar seu pensamento sobre a montanha por estar atento ao
material que estava empregando, também a pessoa que tem sucesso em
dizer o que está pensando deve, por sua atenção às palavras, fazer
descobertas sobre a linguagem. A consciência corrompida, ao contrário,
considera seu material apenas como um veículo pronto para ser usado. Ela
é indiferente a suas características específicas, não sente desejo de
explorá-las e, assim, por uma certa espécie de desconsideração, fica
impedida de converter suas confusões em expressões claras do que pensa e
sente. Sua falha em aplicar-se imaginativamente ao material conduz
diretamente a uma falha de autoconhecimento.
Aaron Ridley
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