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29 de outubro de 2016

Generosidade


No mundo espiritual, o "dar" enriquece - o querer "receber" empobrece. É que a permanente atitude doadora alarga os espaços internos da alma - ao passo que a atitude recebedora estreita a amplitude do espírito. Tanto mais pode a alma receber de Deus quanto maior é a sua receptividade - mas essa receptividade depende essencialmente da sua vontade de dar.
É claro que o doador não deixa de receber - mas não deve esperar receber algo de seus semelhantes, que isso seria secreto egoísmo. Não deve esperar retribuição nem gratidão alguma por seus benefícios, embora os beneficiados tenham obrigação em consciência de serem gratos ao benfeitor. O homem espiritual nada espera receber, da parte de seus semelhantes, por seus benefícios; e por isso também nunca se queixa da "ingratidão dos homens". Quem se queixa da ingratidão dos homens passa a si mesmo o atestado de egoísmo, de secreta egolatria. Entretanto, nenhum homem espiritual pode deixar de saber que, segundo as leis eternas, o doador espontâneo vai ser enriquecido por Deus, e tanto mais receberá na vertical quanto mais espargir na horizontal. Saber dessa lei cósmica não é egoísmo. Se assim não fosse, este mundo de Deus não seria um cosmos (sistema de ordem), mas, sim, um caos (confusão e desordem). Se eu, pelo fato de ser bom, desinteressadamente bom, saísse empobrecido no meu verdadeiro Eu espiritual, seria preferível não ser bom - e o cosmos de Deus estaria convertido num caos de Satanás.
A falta dessa permanente atitude e espontânea vontade doadora é que é a razão última e mais profunda da esterilidade de muitas almas que se têm em conta de espirituais, mas são, de fato, egoístas não-espirituais.
É relativamente fácil dar do seu, mas é imensamente difícil dar o próprio Eu. É bom dar do que temos - é sublime dar o que somos.
Doação, quer objetiva, quer subjetiva, que não se realizar num ambiente de verdadeira e espontânea alegria e entusiasmo, não é doação completa. Uma moeda atirada a um mendigo com maus modos e a contragosto, como quem joga um osso a um cão, está envenenada e não produzirá verdadeiro bem no seu recebedor; a aura maligna de que essa moeda vem envolta acabará por envenenar o mendigo, e a sua secreta revolta íntima contra seus semelhantes não-mendigos crescerá de pronto a cada moeda que ele receber, envenenada de desamor ou displicência. "O Senhor ama um doador alegre."
Ser cristão não quer dizer ser bom - mas ser radiantemente bom.
Há muitos homens bons, tristonhamente bons. Quem os vê, na sua bondade tristonha e lúgubre, não se sente de forma alguma atraído para o cristianismo deles, mas antes repelido como algo incompatível com uma vida dignamente humana. Mas o homem radiantemente bom, jubilosamente espiritual, esse, mesmo sem dizer uma palavra, é um grande apóstolo e propagandista do cristianismo, porquanto nada existe mais "contagioso" do que uma perfeita e radiante saúde espiritual. Jesus, o Cristo, era um homem radiantemente bom, e por isso todas as almas receptivas se sentiam irresistivelmente atraídas por ele, como planetas empolgados pela gravitação do globo solar.
Praticar meditação solitária, sem irradiar pela humanidade os dons materiais e espirituais que Deus nos concede, é o melhor modo de esterilizar a vida espiritual e fazer dela tão pesado ônus que, cedo ou tarde, acabaremos por alijá-la, por intolerável. Mas associar à meditação uma vida de jubilosa atitude doadora é tonificar a vida espiritual e fazer dela um verdadeiro banquete da alma e um oásis em pleno deserto terrestre.
 
Huberto Rohden

27 de outubro de 2016

Felicidade consciente


Sendo que tanto o profano que não pensa como o profano que pensa são infelizes, consciente ou inconscientemente, resolveram milhares de homens sinceros aplicar remédio radical à moléstia, fugindo do mundo, que eles consideram como a causa e a sede da infelicidade. Descobriram que a infelicidade provém do "desejo" de possuir o que não se tem, ou do "medo" de perder o que se possui; logicamente, a felicidade deve consistir no contrário, isto é, em não desejar possuir coisa alguma, ou, quando se possui algo, em renunciar a essa posse. Numa palavra: não possuir nada nem desejar possuir algo equivale a ser plenamente feliz, segundo a ideologia ascética. Destarte, nasceu a legião dos austeros desertores do mundo, surgiram os discípulos de Diógenes, a ala esquerda dos estoicos, os budistas, Santo Antão na sua caverna, São Simão Estilites na sua coluna, todos os ascetas e esqueletos ambulantes, todos os sórdidos maltrapilhos da renúncia radical e absoluta.
Entretanto, por maior que seja a sinceridade desses negadores do mundo, nenhum deles solveu o problema central da vida; todos eles se contentaram em contorná-lo e camuflá-lo habilmente. O homem pensante não se satisfaz com negações e fugidas; quer saber por que é que este mundo é tão mau e causa perene da humana infelicidade. Que é, afinal de contas, o mundo? Não é obra de Deus? Mas, se Deus é bom, integralmente bom, o Summum Bonum, como pode uma parte da sua obra ser má? Como pode o Bem Absoluto produzir algum mal, e tão grande mal? Como pode o homem tornar-se mau e profundamente infeliz, pelo fato de usar algo que o Deus infinitamente bom criou, sustenta e ama com perene amor? Por que não poderia o homem amar o que Deus ama? Por que devo eu desamar e odiar um objeto do amor divino?...
Todo desertor do mundo, por motivo ético, é, logicamente, um secreto negador do monoteísmo, e até ateísta, por mais que ele negue o fato. Admite tacitamente, com Zaratustra e outros dualistas, dois princípios creadores: Ahura Mazda, o deus da luz, e Ahriman, o deus das trevas. Atribui, implicitamente, a origem do mundo material ao poder de um anti-Deus, de um "satã" (que quer dizer "adversário").
Por isso, segundo essa filosofia dualista, o homem se aproxima de Deus na razão direta em que se afasta do mundo - e, inversamente, se afasta de Deus na proporção em que se aproxima do mundo.
Das duas, uma: 1) ou o mundo material não tem autor, é auto-existente e autônomo, o que quer dizer que o mundo é Deus, 2) ou tem autor mau, como o próprio mundo, e neste caso renunciamos ao monoteísmo, e, em última análise, ao próprio teísmo, professando ateísmo.
É, por conseguinte, inevitável admitir que o mundo material seja obra do mesmo Deus que criou o mundo espiritual, e que seja intrinsecamente bom, uma vez que de uma causa creadora integralmente boa não podia provir um efeito essencialmente mau.
A tal "maldade" atribuída ao mundo certamente não está nesse "objeto", mas, sim, no "sujeito", no homem, que do mundo bom faz uso mau. Ora, o "mau uso", ou abuso, não é neutralizado pelo "não-uso", mas, sim, pelo "bom uso". O mais fácil e mais comum desses três usos é o mau uso; mais difícil é o não-uso; dificílimo é o bom uso das coisas do mundo. O homem perfeito, o verdadeiro iniciado no reino de Deus, é mestre e consumado artista no uso correto do mundo de Deus, fazendo dele um meio e veículo para chegar ao Deus do mundo.
Na teologia ocidental tem prevalecido, e continua a prevalecer, geralmente, o dualismo filosófico-religioso; o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, essas três religiões mais praticadas no Oriente Próximo, são essencialmente dualistas - embora Jesus Cristo, o iniciador do cristianismo histórico, não possa ser invocado como dualista.
Não pode haver verdadeiro monoteísta que não seja monista, ou unista, quer dizer, que admita um único princípio absoluto, eterno, universal, causa creadora e força sustentadora de todas as coisas. Ora, sendo que o mesmo princípio creador que produziu o mundo espiritual produziu também o mundo material, segue-se que a matéria não é contrária ao espírito, e o homem, para ser espiritual, não necessita de desertar da matéria, mas usá-la em conformidade com a vontade de Deus. Segue-se, outrossim, que o homem pode encontrar a Deus dentro e por intermédio de cada uma de suas creaturas, assim como encontramos o foco solar seguindo a trajetória do raio solar que dele irradiou.
Entretanto, para evitarmos funestos mal entendidos, queremos frisar que a deserção do mundo material é, geralmente, para o escravo da matéria, o único meio para ingressar no mundo espiritual - e é fato inegável que a maior parte dos homens é escravizada pelas impressões materiais, necessitando, antes de tudo, de um movimento radical em sentido diametralmente oposto, isto é, a completa renúncia ao mundo material. Há pouquíssimos homens que, na verdade, possuem aquilo que dizem ou parecem possuir; muitos deles vivem em perpétua ilusão, cuidando possuir determinados bens externos, quando, de fato, são eles possuídos, como acontecia com aquele jovem rico do Evangelho, que, em face do convite de se despossuir daquilo que julgava possuir, mas de que era possuído e possesso, se retirou triste e pesaroso. Pudera, não! Se jamais alguém teve motivo para tristeza e pesar, foi esse jovem, por que não há coisa mais triste do que ser possuído daquilo que se devia possuir, e, ainda por cima, viver na ilusão de ser um possuidor. É horroroso não ter força para possuir suas posses com "pobreza pelo espírito" e "pureza de coração", isto é, com verdadeira liberdade interior.
É fácil ser possuído da matéria - milhares o são.
É difícil renunciar aos bens materiais - poucos o conseguem plenamente.
É dificílimo possuir coisas externas sem ser por elas possuído - pouquíssimos são os gênios do mundo espiritual que conhecem e praticam essa arte das artes.
É por isso que o divino Mestre, o grande vidente da força e fraqueza de cada homem, aconselhava geralmente a seus seguidores a completa renúncia como passo inicial rumo ao reino de Deus.
Ora, o triunfo máximo da verdadeira meditação, da genuína comunhão com Deus, está na consecução dessa perfeita liberdade interior, no meio do mundo exterior. É essa a "gloriosa liberdade dos filhos de Deus".
Mesmo humanamente falando, pode-se dizer que não existe sobre a face da terra maior satisfação, mais pura, mais profunda e intensa alegria, mais inefável beatitude do que essa certeza íntima da perfeita libertação de todas as peias e algemas do mundo circunjacente e do próprio Ego escravizante. O verdadeiro iniciado sabe que nada tem que temer de inimigo algum, porque, pelo conhecimento da verdade libertadora, derrotou definitivamente todos os seus inimigos. E essa experiência direta e imediata da soberania da alma, da onipotência do espírito, infunde ao iniciado tamanha tranquilidade interior, tão profunda paz d'alma, tão silenciosa delícia, tão indizível júbilo, que nada existe no mundo profano que de longe se quer comparar com essa felicidade. Os mais intensos prazeres dos profanos são insípidas e grosseiras vagens de porcos quando postos em paralelo com a dulcíssima iguaria que a perfeita libertação interior oferece aos verdadeiros filhos de Deus.
Se o profano, por um só instante, experimentasse o que é essa liberdade interior, sentir-se-ia tão profundamente infeliz no meio de todas as suas "felicidades" que procuraria por todos os meios adquirir essa "pérola preciosa", esse "tesouro oculto", ainda que, para consegui-lo, tivesse de sacrificar o mundo inteiro e viajar até os confins do universo. Entretanto, como o profano - precisamente por ser profano - nada sabe desse universo de divina felicidade, continua a viver na treva ou penumbra dos seus primitivos prazeres, que apelida sua "felicidade", chegando, por vezes, ao extremo de deplorar a sorte do homem espiritual, que, no entender dele, leva uma vida tristonha, monótona e descolorida.

Huberto Rohden

Infelicidade inconsciente


A classe mais infeliz de seres humanos é composta dos que ignoram a sua própria infelicidade. São os profanos absolutos, os analfabetos integrais da espiritualidade. Os que vivem, ou antes vegetam, ao sabor das impressões meramente sensitivas, como há centenas de milênios atrás, quando o ancestral do homem, o infra-homem, não sabia usar ainda a faculdade superior que o distingue do mundo irracional - embora essa faculdade já se achasse, em estado potencial, nas profundezas do seu ser.
A maior parte dos homens que vive ainda no plano puramente sensório serve-se da sua inteligência unicamente para alargar e intensificar as satisfações orgânicas; praticamente, não ultrapassa as barreiras da matéria; nada enxerga para além dessas fronteiras. Quando alguém lhes fala de um mundo ultra-sensível, ficam a olhá-lo estupidamente, sem nada compreender. Alguns deles consideram o homem espiritual como um pobre iludido, caçador de miragens e sonhador de quimeras. Outros têm-no em conta de hipócrita que quer dar-se uns ares de importância perante a turbamulta dos materialistas e agnósticos. Outros ainda admiram o homem espiritual como um "idealista", mas cujas idéias e ideais não devem ser tomados a sério, uma vez que, no entender deles, são inaplicáveis à vida real; perdoam ao idealista a "fraqueza" de se refugiar num mundo de sonhos e ilusões, já que o mundo da crua realidade o tratou com tanta dureza e lhe pôs a alma em chaga viva.
Esses profanos são profundamente infelizes, precisamente porque nem ao menos suspeitam a sua infelicidade. O mais deplorável dos doentes é aquele que ignora a sua doença, ou até a considera como estado normal de perfeita saúde. O mais deplorável dos cegos é aquele que tem a sua cegueira em conta de visão. O mais deplorável dos profanos é aquele que considera a sua ignorância como a quintessência da sabedoria da vida. A sua "felicidade" não é senão o fruto da sua horrorosa obtusidade espiritual. É preferível a mais dolorosa infelicidade do homem pensante a essa horripilante felicidade do homem que nunca pensou...
 
Huberto Rohden

24 de outubro de 2016

Infelicidade consciente


Cedo ou tarde, o profano tem de sair do estreito casulo da sua feliz ignorância e entrar na zona vastíssima do pensamento e da experiência real. Poucos homens conseguem manter através da vida inteira esse paraíso tranquilo embalado numa ignorância absoluta e integral. A maior parte dos homens normais começam a refletir sobre o "de onde", o "para onde" e o "porquê" do mundo e da vida humana - e toda a reflexão destrói, total ou parcialmente, o edifício do agnosticismo, e, com o desmoronar dos muros do castelo, lá se foi a paz da alma e a tranquilidade do espírito!...
Quanto mais o homem pensa tanto menos sorri, porque todo o pensar gera pesar, e toda a introspecção cria insatisfação... Na zona dos pensamentos puramente intelectuais há poucos ridores - como os há para aquém e para além dessa zona. É que a região do pensamento intelectual é a região dos problemas, e onde há problemas há muitas lágrimas e pouco sorriso.
De maneira que o profano que pensa é, geralmente, um homem conscientemente infeliz - assim como o profano que não pensa é inconscientemente infeliz.
Entretanto, o sentimento da infelicidade é um veneno roaz, que ninguém suporta, indene, por muito tempo. Por isso, o infeliz procura felicidade em mil e mil derivativos, narcóticos, intoxicantes e expedientes de todo gênero. E há tantas coisas e coisinhas interessantes e divertidas, no vasto âmbito do mundo circunjacente... Para o menos exigente, há os prazeres fáceis dos sentidos - e quão grande é a sua variedade e prepotência! Que delícias no plano do comer, do beber e do sexo! Para outros, que excitantes aventuras nas especulações financeiras, nos trabalhos comerciais, industriais, científicos, sociais! Que inebriante sedução às mesas de jogo e nos bastidores da política! Que suaves carícias nos causam as auras tépidas da fama, dos elogios, da celebridade! E quão fascinantes são, para muitos, as viagens a terras longínquas e a povos desconhecidos!
De maneira que não faltam ao homem que não tolere o vácuo do próprio Ego ensejos de encontrar plenitudes fora de si mesmo e camuflar com as riquezas externas a pobreza do seu interior. Nessa permanente fuga diante de si mesmo encontram muitos profanos conscientemente infelizes um ersatz, um sub-rogado, pela felicidade que lhes falta. Embora essas coisas externas não os façam, propriamente, felizes, pelo menos lhes diminuem e suavizam, temporariamente, a consciência da infelicidade - e a pobre criança de sua alma, soluçando por algo que ignora, acalma, por momentos, a sua dolorosa nostalgia e inquietude metafísica...
Alguns desses profanos pensantes lançam mão de outro expediente para fugir das secretas torturas da sua profunda infelicidade: arremetem furiosamente contra o próprio objeto desse mal-estar, investem contra a causa do mesmo, procuram quebrar de vez o ominoso espelho em que esse horripilante monstro da inquietude metafísica mostra a sua feia carranca. A exemplo de Voltaire, propõem-se a provar, se não com argumentos acadêmicos, ao menos com gargalhadas de cinismo, que Deus não existe e que a vida eterna é um mito. Como a avestruz no deserto - que, segundo dizem, quando perseguida pelo caçador esconde a cabeça debaixo de areia, julgando não ser vista por quem ela não vê -, tentam esses profanos insinceros provar a não-existência daquilo que os torna tão infelizes; pois, uma vez provado o caráter fictício e irreal da causa do mal, segue-se que também os efeitos não passam de simples ficção e alucinação.
É deveras notável até que ponto possa um homem acreditar na "verdade" das suas próprias mentiras, quando corajosas e indefinidamente repetidas! Uma afirmação que, da primeira vez, lhe era 100% falsa, depois da centésima repetição acaba por lhe parecer 50% verdadeira, e depois da milésima ou milionésima repetição adquire foros de 100% verdadeira - tamanha é a força da auto-sugestão, sobretudo quando a serviço de uma imperiosa necessidade moral!
A mais difícil das coisas difíceis é a sinceridade para conosco mesmos - e a falta dessa auto-sinceridade é a razão por que há tão poucos homens realmente espirituais. Procuramos mil e uma evasivas e subterfúgios, desde os mais sérios até os mais ridículos, para não aceitar a verdade sobre nós mesmos - por quê? Porque a aceitação real e prática dessa verdade implica algo parecido com uma dolorosa intervenção cirúrgica nos tecidos vivos do nosso próprio Eu - e ninguém gosta de ser operado...
Digamo-lo desde já: o início de uma vida de comunhão com Deus é indizivelmente doloroso e tremendamente difícil; é uma "porta estreita" e um "caminho apertado"; é uma "morte" - "se o grão de trigo não morrer"... (Jesus); e até uma "morte cotidiana" - "pelo regozijo que tenho em Cristo Jesus, protesto que morro todos os dias" (Paulo de Tarso). Disto sabem todos os grandes iniciados, esses homens integralmente sinceros consigo mesmos.
 
Huberto Rohden
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