A mais importante das ilhas Viti, na Polinésia, declarada francesa em 1831 pelo capitão do Calembredaine, primeiro navio a avistar esse pequeno território montanhoso, recoberto de florestas e envolto frequentemente por uma bruma que obscurece a paisagem.
A ilha da Civilização é uma monarquia governada por um rei de pau-rosa mecânico, capaz de assinar trinta decretos de uma sentada com sua bela assinatura em inglês. As vantagens desse sistema são numerosas. Evita todos os problemas de sucessão e mudança de dinastia. Significa também que as despesas com a monarquia não ultrapassam cinquenta francos por ano de óleo e graxa. Somente o primeiro-ministro pode dar corda no rei.
Os ministros têm responsabilidades pesadas. Cada um deles carrega um nó corredio no pescoço e qualquer eleitor pode puxar a corda e estrangulá-lo em caso de abuso de poder. Todos os membros do Parlamento são surdos e mudos, o que acaba com os debates infindáveis e reduz significativamente a possibilidade de ser influenciado por argumentos persuasivos. Os debates são realizados com a linguagem dos sinais. Uma lei aprovada pouco antes da chegada dos franceses proíbe que mais de uma pessoa participe de um duelo, o que pôs fim a essa atividade.
A ilha é rica e próspera. As velhas ferrovias foram substituídas por um sistema de transporte que utiliza fluidos elétricos. A locomotiva, feita de metal e conhecida como "pistola de arção" em razão de seu formato, é presa por um anel de ferro a uma carruagem de vidro, onde se acomoda o passageiro. A carruagem anda a uma velocidade vertiginosa sobre um trilho fino de metal que serve de condutor. A fricção provoca fagulhas que, à noite, iluminam ambos os lados do trilho. O sistema é barato, de fácil instalação e pode ser removido se os moradores locais assim o desejarem. Infelizmente, o sistema permite que apenas um passageiro viaje por vez, pois mais de uma pessoa aumentaria muito o risco de eletrocução. O sistema também é usado pelo sistema postal. Os correios são tão rápidos que, às vezes, alguém recebe a resposta a uma carta que ainda não foi entregue.
A iluminação a gás foi substituída por um aparelho portátil que utiliza fosforiculina, uma substância sutil e inflamável descoberta por Cucu-Mani-Chou, que é recolhida por um longo tubo afixado ao reto e às partes genitais. A substância flui para uma lâmpada presa a um cinto. A qualidade da luz varia conforme a dieta do usuário; cebolas, ervilhas, lentilhas e nabos produzem uma luz particularmente brilhante. O temperamento da pessoa também influi na qualidade e na cor da luz: um temperamento linfático produz luz branca, enquanto alguém nervoso produzirá luz azul. Pessoas biliosas ou sanguíneas produzem luzes amarelas e vermelhas, respectivamente.
A fosforiculina é usada ainda com fins medicinais, no diagnóstico, por exemplo, de gastroenterite e cólicas. Os médicos costumam tratar seus pacientes com nada, pois acreditam que a medicina é prejudicial. Cura-se a disenteria fazendo o paciente pôr sua cabeça no chão e apertando-a com as mãos - tratamento que jamais falha.
A ilha da Civilização é uma monarquia governada por um rei de pau-rosa mecânico, capaz de assinar trinta decretos de uma sentada com sua bela assinatura em inglês. As vantagens desse sistema são numerosas. Evita todos os problemas de sucessão e mudança de dinastia. Significa também que as despesas com a monarquia não ultrapassam cinquenta francos por ano de óleo e graxa. Somente o primeiro-ministro pode dar corda no rei.
Os ministros têm responsabilidades pesadas. Cada um deles carrega um nó corredio no pescoço e qualquer eleitor pode puxar a corda e estrangulá-lo em caso de abuso de poder. Todos os membros do Parlamento são surdos e mudos, o que acaba com os debates infindáveis e reduz significativamente a possibilidade de ser influenciado por argumentos persuasivos. Os debates são realizados com a linguagem dos sinais. Uma lei aprovada pouco antes da chegada dos franceses proíbe que mais de uma pessoa participe de um duelo, o que pôs fim a essa atividade.
A ilha é rica e próspera. As velhas ferrovias foram substituídas por um sistema de transporte que utiliza fluidos elétricos. A locomotiva, feita de metal e conhecida como "pistola de arção" em razão de seu formato, é presa por um anel de ferro a uma carruagem de vidro, onde se acomoda o passageiro. A carruagem anda a uma velocidade vertiginosa sobre um trilho fino de metal que serve de condutor. A fricção provoca fagulhas que, à noite, iluminam ambos os lados do trilho. O sistema é barato, de fácil instalação e pode ser removido se os moradores locais assim o desejarem. Infelizmente, o sistema permite que apenas um passageiro viaje por vez, pois mais de uma pessoa aumentaria muito o risco de eletrocução. O sistema também é usado pelo sistema postal. Os correios são tão rápidos que, às vezes, alguém recebe a resposta a uma carta que ainda não foi entregue.
A iluminação a gás foi substituída por um aparelho portátil que utiliza fosforiculina, uma substância sutil e inflamável descoberta por Cucu-Mani-Chou, que é recolhida por um longo tubo afixado ao reto e às partes genitais. A substância flui para uma lâmpada presa a um cinto. A qualidade da luz varia conforme a dieta do usuário; cebolas, ervilhas, lentilhas e nabos produzem uma luz particularmente brilhante. O temperamento da pessoa também influi na qualidade e na cor da luz: um temperamento linfático produz luz branca, enquanto alguém nervoso produzirá luz azul. Pessoas biliosas ou sanguíneas produzem luzes amarelas e vermelhas, respectivamente.
A fosforiculina é usada ainda com fins medicinais, no diagnóstico, por exemplo, de gastroenterite e cólicas. Os médicos costumam tratar seus pacientes com nada, pois acreditam que a medicina é prejudicial. Cura-se a disenteria fazendo o paciente pôr sua cabeça no chão e apertando-a com as mãos - tratamento que jamais falha.
Henry-Florent Delmotte