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12 de agosto de 2017

Desencontrários


Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.
Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.

Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.

Nunca sei ao certo
se sou um menino de dúvidas
ou um homem de fé
certezas o vento leva
só dúvidas ficam de pé.
 
Paulo Leminski

Bem no fundo


No fundo, no fundo,
Bem lá no fundo,
A gente gostaria
De ver nossos problemas
Resolvidos por Decreto

A partir desta data,
Aquela mágoa sem remédio
É considerada nula
E sobre ela - silêncio perpétuo

Extinto por lei todo o remorso,
Maldito seja quem olhar para trás,
Lá pra trás não há nada,
E nada mais

Mas os problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
E aos domingos saem todos passear
O problema, sua senhora
E outros pequenos probleminhas.
 
Paulo Leminski

Diversonagens suspersas


Meu verso, temo, vem do berço.
Não versejo porque eu quero,
versejo quando converso
e converso por conversar.
Pra que sirvo senão pra isto,
pra ser vinte e pra ser visto,
pra ser versa e pra ser vice,
pra ser a super-superfície,
onde o verbo vem ser mais?

Não sirvo pra observar.
Verso, persevero e conservo
um susto de quem se perde
no exato lugar onde está.

Onde estará meu verso?
Em algum lugar de um lugar,
onde o avesso do inverso
começa a ver e ficar.
Por mais prosas que eu perverta,
Não permita Deus que eu perca
meu jeito de versejar.
 
Paulo Leminski

Além alma


Meu coração lá de longe
faz sinal que quer voltar.
Já no peito trago em bronze:
Não tem vaga neste lugar.
Pra que me serve um negócio
que não cessa de bater?
Mais parece um relógio
que acaba de enlouquecer.
Pra que é que eu quero quem chora,
eu estou tão bem assim,
e o vazio que vai lá fora
cai macio dentro de mim?
 
Paulo Leminski

Incenso fosse música


isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além
 
Paulo Leminski

10 de agosto de 2017

Tudo


Tudo o que eu faço
alguém em mim que eu desprezo
sempre acha o máximo.

Mal rabisco,
não dá mais para mudar nada.
Já é um clássico.
 
Paulo Leminski

7 de agosto de 2017

Round about midnight


um vulto suspeito
e o pulo de um susto
à solta no peito

no beco sem saída
caminhos a esmo
o leque de abismos
entre um eco
e seus mesmos
 
Paulo Leminski
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