Quando contemplamos o céu profundo por muito tempo sem desviar os olhos, não se sabe por que, os pensamentos e a alma se fundem na consciência da solidão. Começamos a nos sentir irremediavelmente sós e tudo que antes achávamos próximo e familiar se torna infinitamente distante e sem valor. As estrelas, que miram do céu há milhares de anos, o próprio céu insondável e a escuridão se mostram indiferentes à vida breve dos homens e oprimem nossa alma com seu silêncio, quando acontece de ficarmos cara a cara com eles e tentamos alcançar seu sentido; então, nos vem ao pensamento a solidão que aguarda cada um de nós na sepultura e a essência da vida parece misteriosa, assustadora...
Anton Tchekhov
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