Como é fácil de compreender, faz-se no Rio de Janeiro, durante o excessivo calor do verão, grande consumo de bebidas refrescantes, principalmente do econômico aluá, com arroz macerado e açucarado, néctar da classe baixa. Vêm em seguida a lima, o limão doce e a cana de açúcar, vegetais bem aclimados e que nessa época se encontram em plena maturação. Essas substâncias refrescantes, indispensáveis durante os meses de setembro, janeiro e fevereiro, são vendidas nas ruas da capital por uma multidão de vendedoras, em sua maioria escravas de pequenos capitalistas, ou por negras livres.
Essas vendedoras de aluá são notáveis pela elegância ou, ao menos, pela limpeza de seus trajes, naturalmente proporcionais à fortuna dos senhores, sempre interessados em conseguir, assim, alguma vantagem na concorrência momentânea. Dessa preocupação se aproveita duplamente a negra, de natural faceira e interesseira, para travar novos conhecimentos lucrativos que ela cultiva durante o resto do ano mediante visitas furtivas que lhe dão algum dinheiro, a título de esmola ou de recompensa por pequenos obséquios prestados com condescendência.
Jean Baptiste Debret
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