29 de agosto de 2017

Baleeiros de Salvador


Junto às fraldas do Morro de Santo Antônio, visitamos o principal estabelecimento ligado à indústria da pesca de baleia desse porto. Haviam apanhado um dos gigantescos cetáceos, no dia anterior, e estava sendo espostejado na praia. Outro tinha sido arpoado momentos antes, ao alcance da vista, e vinha sendo rebocado por três embarcações. O proprietário do estabelecimento mostrou-nos os aparelhos com que extrai o óleo. Informou-nos de que, em alguns casos, a qualidade do óleo é igual à do norte-americano. Conquanto fosse fácil contestar a exatidão de sua afirmativa, não estávamos dispostos a discutir. De fato, conjecturávamos que, se o óleo norte-americano não tivesse outro mérito, só o fato de ser preparado em alto mar e não nas imediações de uma cidade populosa, já constituiria ótima recomendação.
Apesar do incômodo que causa ao olfato de toda a população, a captura de uma baleia constitui acontecimento notável na Bahia. Centenas de pessoas, principalmente as de cor, acotovelavam-se na praia para assistir os estertores do monstro agonizante e conseguir um pouco de sua carne que é preparada e vendida nas ruas, pelas quitandeiras. Inúmeros suínos também se banqueteiam na carcaça do cetáceo, e quem não souber escolher a carne de porco, no mercado, durante a época da pesca, pode comprá-la com gosto de baleia.

Daniel Kidder

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