O economista que cruzava a praça não teve dúvidas: eis aí dois agentes racionais, maximizando capital social; enquanto o antropólogo pedia que não atrapalhasse o debate, de interesse etnográfico. Enquanto uns clamam pela eliminação dos tapumes entre as áreas, outros argumentam que são a essência do progresso. Porém uma coisa une as partes, nessa praça sempre em obras: ciência é difícil, mas também incrivelmente divertida. E ela vem de berço, antes de qualquer treinamento.
A atribuição mais humana do nascimento é inaugurar a prática de confrontar o desconhecido.
Cedo em nossa vida, a ciência chega junto, não como método, mas como desígnio: mundo, quais seus sentidos? Conta aqui seus segredos. Seu mote é a liberdade de fazer perguntas ingênuas.
Com o tempo, a gente assume que ciência é apenas coisa séria, mas a verdade é que ela depende do espírito livre originário, também indispensável para a saúde mental da cultura.
Muito além da profissão de cientista, a ciência é parte dum movimento contínuo de ressignificação. Quem não fica numa boa frente ao desconhecido sente-se profundamente ressentido e, sempre que a conjuntura permite, declara guerra santa. Quem você pensa que é para questionar minha goiabeira? De que valem seus frasquinhos de antígenos, sob a burrama dos coturnos e uma revoada de haters? Calma, não se preocupe, eles não valem tanto assim; eis porque não insistimos para que você mude de opinião. É seu direito acreditar num mundo alheio a evidências e também à interpelação.
Aliás, se formos na linha do biólogo evolucionário que chegou à praça, isso pode ser até bom.
Álvaro Machado Dias
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