Ah, a loucura... Que diabos tem essa senhora que tanto nos incomoda e seduz? Por que estamos sempre a espiar, feito menino curioso, o brilho estranho de seus olhos e ao mesmo tempo dele só queremos fugir, pra bem longe?
Ela está lá, vejam, está lá e nos ameaça com sua irresponsabilidade consentida. Está lá, num canto da rua, no canto da sala, no canto do olho, inflando dentro de si mesma pra explodir a qualquer momento. Ela está lá, impenetrável feito um guardião de mistérios ancestrais, e zomba da nossa compreensão do mundo... E nada pode haver de mais aterrorizador. Que a loucura? Não, que a loucura não. Que essa zombaria.
Por que temos medo? Por que a insegurança? Será que é porque aquele que nos olha, lá de dentro daquele olho, não é como nós? Sim, porque sentimos segurança quando nos vemos em outros e nos sabemos muitos. Mas na loucura não nos enxergamos. Nosso olhar bate e volta, sem encontrar reciprocidade, sem ter quem lhe dê a mão e o conduza pelo universo estranho. Nosso olhar bate e volta, sem notícias do mundo de lá.
Ou será o contrário? Nós nos vemos sim, e é isso que mete medo! Nós nos vemos e vemos exatamente o que nunca se mostra de nós mesmos. Pressentimos aquilo que se esconde por trás de nossas verdades tão bem construídas e avalizadas. Ali, nos olhos da loucura, brilha distante e entre névoas, o reflexo de um pressentimento que nos incomoda. Mas que existe e nos faz despertar à noite subitamente amedrontados, em vertigem, como se caíssemos...
Nos olhos da loucura, por trás deles, navega essa vertigem, fruto do medo de olhar pra dentro de nós mesmos – e não gostar do que descobrir. Por isso é que fugimos de seus olhos. E é exatamente por isso que deles não adianta fugir.
Ela está lá, vejam, está lá e nos ameaça com sua irresponsabilidade consentida. Está lá, num canto da rua, no canto da sala, no canto do olho, inflando dentro de si mesma pra explodir a qualquer momento. Ela está lá, impenetrável feito um guardião de mistérios ancestrais, e zomba da nossa compreensão do mundo... E nada pode haver de mais aterrorizador. Que a loucura? Não, que a loucura não. Que essa zombaria.
Por que temos medo? Por que a insegurança? Será que é porque aquele que nos olha, lá de dentro daquele olho, não é como nós? Sim, porque sentimos segurança quando nos vemos em outros e nos sabemos muitos. Mas na loucura não nos enxergamos. Nosso olhar bate e volta, sem encontrar reciprocidade, sem ter quem lhe dê a mão e o conduza pelo universo estranho. Nosso olhar bate e volta, sem notícias do mundo de lá.
Ou será o contrário? Nós nos vemos sim, e é isso que mete medo! Nós nos vemos e vemos exatamente o que nunca se mostra de nós mesmos. Pressentimos aquilo que se esconde por trás de nossas verdades tão bem construídas e avalizadas. Ali, nos olhos da loucura, brilha distante e entre névoas, o reflexo de um pressentimento que nos incomoda. Mas que existe e nos faz despertar à noite subitamente amedrontados, em vertigem, como se caíssemos...
Nos olhos da loucura, por trás deles, navega essa vertigem, fruto do medo de olhar pra dentro de nós mesmos – e não gostar do que descobrir. Por isso é que fugimos de seus olhos. E é exatamente por isso que deles não adianta fugir.
Ricardo Kelmer
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