Zadig passeava pelos jardins dos arredores. De repente avistou, não distante da estrada real, uma mulher que gritava por socorro e um homem furioso que a perseguia. O homem a estava alcançando e ela, caída, abraçava-lhe os joelhos. O homem enchia-a de pancadas e censuras. Pela violência do egípcio e pelos insistentes pedidos de perdão que lhe pedia a dama, Zadig percebeu que ele era ciumento e ela, infiel. Mas, depois de reparar naquela mulher, que era de sublime beleza e até se parecia um pouco à infeliz Astartéia, sua amada, sentiu-se tomado de compaixão por ela e ódio pelo egípcio.
- Ajude-me! - gritou ela para Zadig, entre soluços. - Arranque-me das mãos do mais bárbaro dos homens, salve-me a vida!
A esses pedidos, Zadig lançou-se entre ela e aquele bárbaro. Tinha algum conhecimento da língua egípcia, e assim lhe falou:
- Se possui alguma humanidade, peço-lhe que respeite a beleza e a fraqueza. Pode dessa maneira ultrajar uma obra-prima da criação, que jaz a seus pés e só tem por defesa as lágrimas?
- Ah! Ah! - exclamou o possesso. - Quer dizer então que também a ama? É de você que eu preciso me vingar.
Dizendo essas palavras, o homem larga a dama, a quem segurava pelos cabelos, e, empunhando a lança, tenta matar o estrangeiro. Este, que não havia perdido o sangue-frio, evitou facilmente o golpe furioso. Segurou a lança perto da ponta. Um queria puxá-la e o outro, arrancá-la. A lança quebra-se. O egípcio puxa a espada; Zadig também. Atacam-se. Lança aquele cem golpes precipitados, apara-os este com habilidade. A dama, sentada na relva, arruma os cabelos e olha para os dois. O egípcio era o mais robusto, Zadig o mais ágil. Batia-se aquele como um homem cuja ira cega lhe guiava ao acaso os movimentos. Zadig desarma-o. E como o egípcio, mais furioso, procura lançar-se contra ele, Zadig segura-o, domina-o, derruba-o e, apontando-lhe a espada contra o peito, oferece poupar-lhe a vida. O egípcio, fora de si, arranca o punhal e fere Zadig no mesmo instante em que o vencedor o perdoava. Indignado, Zadig lhe enfia a espada no peito. O egípcio lança um grito horrível e morre, debatendo-se.
Zadig avança então para a mulher e diz-lhe respeitosamente:
- Foi ele quem me obrigou a matá-lo; está vingada e livre do homem mais violento que já vi na minha vida. Que quer agora de mim, senhora?
- Que morra, infame, que morra; você matou o meu amor; eu gostaria de lhe esmagar o coração.
- Ajude-me! - gritou ela para Zadig, entre soluços. - Arranque-me das mãos do mais bárbaro dos homens, salve-me a vida!
A esses pedidos, Zadig lançou-se entre ela e aquele bárbaro. Tinha algum conhecimento da língua egípcia, e assim lhe falou:
- Se possui alguma humanidade, peço-lhe que respeite a beleza e a fraqueza. Pode dessa maneira ultrajar uma obra-prima da criação, que jaz a seus pés e só tem por defesa as lágrimas?
- Ah! Ah! - exclamou o possesso. - Quer dizer então que também a ama? É de você que eu preciso me vingar.
Dizendo essas palavras, o homem larga a dama, a quem segurava pelos cabelos, e, empunhando a lança, tenta matar o estrangeiro. Este, que não havia perdido o sangue-frio, evitou facilmente o golpe furioso. Segurou a lança perto da ponta. Um queria puxá-la e o outro, arrancá-la. A lança quebra-se. O egípcio puxa a espada; Zadig também. Atacam-se. Lança aquele cem golpes precipitados, apara-os este com habilidade. A dama, sentada na relva, arruma os cabelos e olha para os dois. O egípcio era o mais robusto, Zadig o mais ágil. Batia-se aquele como um homem cuja ira cega lhe guiava ao acaso os movimentos. Zadig desarma-o. E como o egípcio, mais furioso, procura lançar-se contra ele, Zadig segura-o, domina-o, derruba-o e, apontando-lhe a espada contra o peito, oferece poupar-lhe a vida. O egípcio, fora de si, arranca o punhal e fere Zadig no mesmo instante em que o vencedor o perdoava. Indignado, Zadig lhe enfia a espada no peito. O egípcio lança um grito horrível e morre, debatendo-se.
Zadig avança então para a mulher e diz-lhe respeitosamente:
- Foi ele quem me obrigou a matá-lo; está vingada e livre do homem mais violento que já vi na minha vida. Que quer agora de mim, senhora?
- Que morra, infame, que morra; você matou o meu amor; eu gostaria de lhe esmagar o coração.
Voltaire
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