Com o tempo vim a perceber que minha mãe tem um hábito que, em si, é inofensivo: toda vez que encontra alguma sua conhecida e, durante a conversa, vai fazer menção a algo sobre a vida de alguém (eufemismo para fofoca), levanta uma das mãos e aproxima-a bem da boca, para que seus lábios não possam ser lidos, e então sussurra a preciosa informação que, o mais das vezes, é banal e poderia muito bem dispensar todo esse cerimonial. Bem ou mal, isso me encheu de pavor, em certa ocasião.
Era um dia normal como qualquer outro. Eu tinha dez anos, mais ou menos, e minha mãe me levou consigo para fazer compras num supermercado. De repente, ela reconheceu uma conhecida, acenou, se aproximou, cumprimentou e logo as duas começaram a entabular conversa. Eu sabia que uma ida de quinze minutos ao supermercado poderia se transformar num esforço de tolerância de uma hora quando encontros como esse aconteciam. Mas não liguei. No meio da tagarelice, minha mãe deu um pequeno passo à frente, aproximando-se de sua colega e, tapando parcialmente a boca e sussurrando disse algo como: "Você ficou sabendo que Fulana de Tal descobriu que é diabética?".
Na época, eu não sabia que esse jeito de falar da minha mãe era habitual: interpretei que ela não queria que eu ouvisse o que ela queria dizer à sua colega. E isso só podia significar uma coisa, isto é, minha mãe estava tentando me poupar de algo ruim, algo que de jeito nenhum eu poderia ouvir ou vir a saber, para o meu próprio bem. Mas eu ouvi.
Pus-me a pensar com meus botões. "Nunca ouvi esta palavra, 'diabético'. O que é que é um diabético?" Do nada, um clarão se fez em minha mente. Eu nunca tinha ouvido a palavra 'diabético', mas já tinha ouvido a palavra 'diabo', e conhecia seu conceito tão bem quanto possa conhecê-lo uma criança de dez anos. Fiquei aterrorizado. Então quer dizer que esses diabéticos são pessoas que seguem o Tinhoso?
Xô diabetes!
Era um dia normal como qualquer outro. Eu tinha dez anos, mais ou menos, e minha mãe me levou consigo para fazer compras num supermercado. De repente, ela reconheceu uma conhecida, acenou, se aproximou, cumprimentou e logo as duas começaram a entabular conversa. Eu sabia que uma ida de quinze minutos ao supermercado poderia se transformar num esforço de tolerância de uma hora quando encontros como esse aconteciam. Mas não liguei. No meio da tagarelice, minha mãe deu um pequeno passo à frente, aproximando-se de sua colega e, tapando parcialmente a boca e sussurrando disse algo como: "Você ficou sabendo que Fulana de Tal descobriu que é diabética?".
Na época, eu não sabia que esse jeito de falar da minha mãe era habitual: interpretei que ela não queria que eu ouvisse o que ela queria dizer à sua colega. E isso só podia significar uma coisa, isto é, minha mãe estava tentando me poupar de algo ruim, algo que de jeito nenhum eu poderia ouvir ou vir a saber, para o meu próprio bem. Mas eu ouvi.
Pus-me a pensar com meus botões. "Nunca ouvi esta palavra, 'diabético'. O que é que é um diabético?" Do nada, um clarão se fez em minha mente. Eu nunca tinha ouvido a palavra 'diabético', mas já tinha ouvido a palavra 'diabo', e conhecia seu conceito tão bem quanto possa conhecê-lo uma criança de dez anos. Fiquei aterrorizado. Então quer dizer que esses diabéticos são pessoas que seguem o Tinhoso?
Xô diabetes!
André Faustino
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