Klésa, palavra de uso cotidiano na Índia, deriva da raiz klis-, "estar atormentado ou aflito, sofrer, sentir dor ou angústia". O particípio klista é usado como adjetivo e significa "angustiado; sofrendo dor ou miséria; enfraquecido, fatigado, injuriado, ferido; gasto, em más condições, estragado, deteriorado, desordenado, obscurecido ou desvanecido". Uma grinalda, quando suas flores estão murchas, está klista; o brilho da lua está klista quando um véu de nuvens a obscurece; uma veste gasta ou danificada por manchas está klista; e um ser humano, quando o inato esplendor de sua natureza foi subjugado por negócios fatigantes e pesadas obrigações, está klista. Nos Yoga-sutra, klésa denota tudo o que, aderindo à natureza do homem, restringe ou debilita a manifestação de sua verdadeira essência. O yoga prescrito por Patañjali é uma técnica para livrar-se de tais impedimentos e assim reconstituir a perfeição inerente à pessoa essencial.
Quais são estes impedimentos?
A resposta a esta questão confunde a mente ocidental, porque revela o abismo que existe entre nossa concepção usual dos valores inerentes à personalidade humana e a dos indianos. Estes impedimentos são cinco, a saber:
1. Avidyá: nescidade, ignorância, falta de melhor conhecimento, falta de consciência da verdade que transcende as percepções da mente e dos sentidos em seu funcionamento normal. Em decorrência deste impedimento, somo escravizados pelos preconceitos e hábitos da consciência simplória. Avidyá é a raiz de tudo o que chamamos nosso pensar consciente.
2. Asmitá (asmi = "eu sou"): a sensação, a noção grosseira de que "eu sou eu; este ego evidente, base da minha experiência, é a verdadeira essência e fundamento do meu ser".
3. Rága: apego, simpatia, interesse; afeição de todo tipo.
4. Dvesa: sentimento contrário a rága; aversão, fastio, desagrado, repugnância e ódio.
Rága e dvesa, simpatia e antipatia, constituem a base de todos os pares de opostos na esfera das emoções, reações e opiniões humanas. Incessantemente torturam a mente, deste e daquele modo, perturbando seu equilíbrio e agitando sua superfície, semelhante à de um lago ou de um espelho que, assim, não pode refletir sem distorção a perfeita imagem da mônada vital.
5. Abhinivesa: apegar-se à vida como se fosse um processo que continuará infinitamente; ou seja, a vontade de viver.
Estes cinco obstáculos ou impedimentos devem ser considerados como tantas outras perversões que agitam a consciência e ocultam o estado essencial de serenidade de nossa verdadeira natureza. Surgem involuntária e sucessivamente, brotando sem interrupção da fonte oculta de nossa existência fenomênica. Dão força à substância do ego e constroem, sem cessar, sua estrutura ilusória.
A fonte de toda esta confusão é o jogo natural dos guna, os três "poderes, elementos ou qualidades":
1. Sattva é um substantivo formado do particípio sat, que deriva de as-, o verbo "ser". Sat significa "ser; como deve ser; bom, bem, perfeito", e sattva, em consequência, "o estado ideal de ser; bondade, perfeição, pureza cristalina, brilho imaculado e completa quietude". A qualidade de sattva predomina nos deuses e seres celestiais, nas pessoas altruístas, nos homens dedicados a buscas puramente espirituais. Este é o guna que facilita a iluminação. Por isso, o primeiro objetivo ensinado nos Yoga-sutra de Patañjali é aumentar o caudal de sattva, a fim de purgar gradualmente a natureza humana do rajas e do tamas.
2. O substantivo rajas significa, literalmente, "impureza"; com referência à fisiologia do corpo feminino, significa "menstruação"; e num sentido mais geral, "pó". A palavra está relacionada com rañj, rakta, "vermelhidão, cor", e com rága, "paixão". O pó citado é aquele que o vento continuamente agita numa terra onde não chove pelo menos dez meses por ano, visto que na Índia, excetuando a estação chuvosa, há somente o orvalho noturno para acalmar a sede da terra. O pó redemoinha com o vento, embaçando a serenidade do céu e cobrindo tudo. Por outro lado, no período das chuvas, o pó se assenta, e, durante a maravilhosa estação outonal que segue às chuvas - quando o sol dispersa as pesadas nuvens -, o céu fica imaculadamente claro. Por causa disso a palavra sânscrita para "outonal", sárada, tem a conotação de "fresco, jovem, novo, recente" e vi-sárada ("caracterizado por uma grandeza ou abundância de sárada) significa "esperto, hábil, proficiente, experimentado, versado ou instruído em algo, douto, sábio". Isto é, o intelecto do sábio se caracteriza pela grande visibilidade do firmamento outonal, que é transparente, límpido e completamente claro, ao passo que o intelecto do néscio está repleto de rajas, o pó vermelho da paixão.
O rajas embaça o aspecto de todas as coisas, obscurecendo a visão não apenas do universo mas também de si mesmo. Logo, produz confusão intelectual e moral. Entre os seres mitológicos, o rajas predomina nos titãs, aqueles antideuses ou demônios que representam a vontade do poder em toda sua força, imprudentes em sua busca de supremacia e esplendor, cheios de ambição, vaidade e jactancioso egoísmo. O rajas é evidente em qualquer lugar entre os homens, como força motivadora de nossa luta pela existência. É o que inspira nossos desejos, preferências e desagrados, rivalidades, e a vontade de usufruir as coisas do mundo. Compele homens e animais a lutar pelos bens da vida, negligenciando as necessidades e sofrimentos dos demais.
3. Tamas, literalmente: "escuridão, negro, azul escuro"; espiritualmente: "cegueira", conota a inconsciência que predomina nos reinos mineral, vegetal e animal. Tamas é a base de toda falta de sentimento, de toda estupidez, crueldade, insensibilidade e inércia. É causa de melancolia, ignorância, erro e ilusão. A rudeza da matéria aparentemente inanimada; a muda e cruel luta entre as plantas pelo solo, a umidade e o ar; a impassível gula dos animais em busca de alimentos e seu desapiedado modo de devorar suas presas são algumas das manifestações deste princípio universal. No plano humano, o tamas se manifesta na embotada estupidez dos que se encontram mais centrados em seus egos, mais auto-satisfeitos - os que consentem com qualquer coisa desde que não interfira em seu descanso, segurança e interesse pessoal. Tamas é o poder que mantém unida toda a estrutura do universo, a estrutura de cada sociedade e o caráter de cada indivíduo, contrabalançando o perigo de explosão que persegue sem trégua o incansável dinamismo do princípio de rajas.
O primeiro dos cinco impedimentos, avidyá, a falta do verdadeiro discernimento, é o principal sustentáculo do interminável jogo e interação dos três guna. A avidyá permite que a cega marcha da vida continue atraída e torturada, ao mesmo tempo, por seus próprios princípios. Os outros quatro impedimentos (asmitá, a noção grosseira de que "eu sou eu"; rága, o apego; dvesa, a repugnância, e abhinivesa, a vontade de viver) são apenas transformações ou inflexões desta causa primordial, desta persistente ilusão de que os perecíveis e transitórios valores da existência terrena e celestial podem chegar, de algum modo, a tornar-se fonte de felicidade pura e permanente. A avidyá é a ruína comum a todos os seres viventes. Entre os homens, lança seu feitiço sobre a faculdade de raciocínio, provocando falsas predições e deduções errôneas. Apesar de os bens da vida serem intrinsecamente impuros e causarem sofrimentos de modo inevitável, pela sua própria condição de transitórios, insistimos em considerá-los como se fossem absolutamente reais. As pessoas acreditam que a terra é eterna, que o firmamento com as estrelas e a lua é imperecível, que os deuses que habitam as mansões celestes são imortais - quando nada disto é verdadeiro. De fato, a verdade é precisamente o contrário destas crenças populares.
(...) O fluxo constante do errôneo pensamento afetivo é o que alimenta a força motivadora da existência, produzindo uma vigorosa multiplicidade de falsas crenças que sustentam a vida. Cada entidade fenomênica - querendo prosseguir indefinidamente - evita pensar em seu próprio caráter transitório e se nega a observar os muitos sintomas ao seu redor que mostram a sujeição de todas as coisas à morte. Assim sendo, os Yoga-sutra dirigem a atenção para a instabilidade das coisas em que se assenta a vida: o universo; os corpos celestes que, com suas rotações, medem a marcam a passagem do tempo; e até os próprios seres divinos, "aqueles que ocupam as altas posições", que são os regentes do ciclo. O fato inegável de que, por natureza, inclusive estas grandes e aparentemente duradouras presenças têm que passar, garante o caráter transitório, fugaz e ilusório de todo o resto.
Os cinco impedimentos, juntos, distorcem todos os objetos da percepção, provocando assim novos equívocos a cada momento. (...) Do ponto de vista ocidental, toda a categoria dos "impedimentos" (klésa) poderia resumir-se no termo "personalidade". Eles são o feixe de forças vitais que constituem o indivíduo e que o engajam no mundo circundante. Nossa adesão ao ego, nossa ideia usual e concreta do que é o ego, nossa entrega espontânea às simpatias e antipatias que no cotidiano guiam a nossa conduta e que mais ou menos inconscientemente, são os elementos mais queridos de nossa natureza - tudo isto constitui os impedimentos. Através deles encontramos o primitivo anseio da criatura vivente, comum tanto aos homens quanto aos vermes, o abhinivesa: o impulso instintivo que nos obriga a continuar existindo. Do âmago da natureza de cada ser fenomênico surge um grito universal: "Que eu exista para sempre! Que eu possa seguir crescendo!" Face a face com a morte, este é o último desejo "até mesmo nos sábios". E, conforme a teoria indiana do renascimento, esta vontade de viver é forte o bastante para levar o indivíduo a cruzar o abismo da morte até uma nova encarnação, obrigando-o a tomar outra vez um novo corpo, nova máscara, nova veste, com os quais possa seguir vivendo.
Quais são estes impedimentos?
A resposta a esta questão confunde a mente ocidental, porque revela o abismo que existe entre nossa concepção usual dos valores inerentes à personalidade humana e a dos indianos. Estes impedimentos são cinco, a saber:
1. Avidyá: nescidade, ignorância, falta de melhor conhecimento, falta de consciência da verdade que transcende as percepções da mente e dos sentidos em seu funcionamento normal. Em decorrência deste impedimento, somo escravizados pelos preconceitos e hábitos da consciência simplória. Avidyá é a raiz de tudo o que chamamos nosso pensar consciente.
2. Asmitá (asmi = "eu sou"): a sensação, a noção grosseira de que "eu sou eu; este ego evidente, base da minha experiência, é a verdadeira essência e fundamento do meu ser".
3. Rága: apego, simpatia, interesse; afeição de todo tipo.
4. Dvesa: sentimento contrário a rága; aversão, fastio, desagrado, repugnância e ódio.
Rága e dvesa, simpatia e antipatia, constituem a base de todos os pares de opostos na esfera das emoções, reações e opiniões humanas. Incessantemente torturam a mente, deste e daquele modo, perturbando seu equilíbrio e agitando sua superfície, semelhante à de um lago ou de um espelho que, assim, não pode refletir sem distorção a perfeita imagem da mônada vital.
5. Abhinivesa: apegar-se à vida como se fosse um processo que continuará infinitamente; ou seja, a vontade de viver.
Estes cinco obstáculos ou impedimentos devem ser considerados como tantas outras perversões que agitam a consciência e ocultam o estado essencial de serenidade de nossa verdadeira natureza. Surgem involuntária e sucessivamente, brotando sem interrupção da fonte oculta de nossa existência fenomênica. Dão força à substância do ego e constroem, sem cessar, sua estrutura ilusória.
A fonte de toda esta confusão é o jogo natural dos guna, os três "poderes, elementos ou qualidades":
1. Sattva é um substantivo formado do particípio sat, que deriva de as-, o verbo "ser". Sat significa "ser; como deve ser; bom, bem, perfeito", e sattva, em consequência, "o estado ideal de ser; bondade, perfeição, pureza cristalina, brilho imaculado e completa quietude". A qualidade de sattva predomina nos deuses e seres celestiais, nas pessoas altruístas, nos homens dedicados a buscas puramente espirituais. Este é o guna que facilita a iluminação. Por isso, o primeiro objetivo ensinado nos Yoga-sutra de Patañjali é aumentar o caudal de sattva, a fim de purgar gradualmente a natureza humana do rajas e do tamas.
2. O substantivo rajas significa, literalmente, "impureza"; com referência à fisiologia do corpo feminino, significa "menstruação"; e num sentido mais geral, "pó". A palavra está relacionada com rañj, rakta, "vermelhidão, cor", e com rága, "paixão". O pó citado é aquele que o vento continuamente agita numa terra onde não chove pelo menos dez meses por ano, visto que na Índia, excetuando a estação chuvosa, há somente o orvalho noturno para acalmar a sede da terra. O pó redemoinha com o vento, embaçando a serenidade do céu e cobrindo tudo. Por outro lado, no período das chuvas, o pó se assenta, e, durante a maravilhosa estação outonal que segue às chuvas - quando o sol dispersa as pesadas nuvens -, o céu fica imaculadamente claro. Por causa disso a palavra sânscrita para "outonal", sárada, tem a conotação de "fresco, jovem, novo, recente" e vi-sárada ("caracterizado por uma grandeza ou abundância de sárada) significa "esperto, hábil, proficiente, experimentado, versado ou instruído em algo, douto, sábio". Isto é, o intelecto do sábio se caracteriza pela grande visibilidade do firmamento outonal, que é transparente, límpido e completamente claro, ao passo que o intelecto do néscio está repleto de rajas, o pó vermelho da paixão.
O rajas embaça o aspecto de todas as coisas, obscurecendo a visão não apenas do universo mas também de si mesmo. Logo, produz confusão intelectual e moral. Entre os seres mitológicos, o rajas predomina nos titãs, aqueles antideuses ou demônios que representam a vontade do poder em toda sua força, imprudentes em sua busca de supremacia e esplendor, cheios de ambição, vaidade e jactancioso egoísmo. O rajas é evidente em qualquer lugar entre os homens, como força motivadora de nossa luta pela existência. É o que inspira nossos desejos, preferências e desagrados, rivalidades, e a vontade de usufruir as coisas do mundo. Compele homens e animais a lutar pelos bens da vida, negligenciando as necessidades e sofrimentos dos demais.
3. Tamas, literalmente: "escuridão, negro, azul escuro"; espiritualmente: "cegueira", conota a inconsciência que predomina nos reinos mineral, vegetal e animal. Tamas é a base de toda falta de sentimento, de toda estupidez, crueldade, insensibilidade e inércia. É causa de melancolia, ignorância, erro e ilusão. A rudeza da matéria aparentemente inanimada; a muda e cruel luta entre as plantas pelo solo, a umidade e o ar; a impassível gula dos animais em busca de alimentos e seu desapiedado modo de devorar suas presas são algumas das manifestações deste princípio universal. No plano humano, o tamas se manifesta na embotada estupidez dos que se encontram mais centrados em seus egos, mais auto-satisfeitos - os que consentem com qualquer coisa desde que não interfira em seu descanso, segurança e interesse pessoal. Tamas é o poder que mantém unida toda a estrutura do universo, a estrutura de cada sociedade e o caráter de cada indivíduo, contrabalançando o perigo de explosão que persegue sem trégua o incansável dinamismo do princípio de rajas.
O primeiro dos cinco impedimentos, avidyá, a falta do verdadeiro discernimento, é o principal sustentáculo do interminável jogo e interação dos três guna. A avidyá permite que a cega marcha da vida continue atraída e torturada, ao mesmo tempo, por seus próprios princípios. Os outros quatro impedimentos (asmitá, a noção grosseira de que "eu sou eu"; rága, o apego; dvesa, a repugnância, e abhinivesa, a vontade de viver) são apenas transformações ou inflexões desta causa primordial, desta persistente ilusão de que os perecíveis e transitórios valores da existência terrena e celestial podem chegar, de algum modo, a tornar-se fonte de felicidade pura e permanente. A avidyá é a ruína comum a todos os seres viventes. Entre os homens, lança seu feitiço sobre a faculdade de raciocínio, provocando falsas predições e deduções errôneas. Apesar de os bens da vida serem intrinsecamente impuros e causarem sofrimentos de modo inevitável, pela sua própria condição de transitórios, insistimos em considerá-los como se fossem absolutamente reais. As pessoas acreditam que a terra é eterna, que o firmamento com as estrelas e a lua é imperecível, que os deuses que habitam as mansões celestes são imortais - quando nada disto é verdadeiro. De fato, a verdade é precisamente o contrário destas crenças populares.
(...) O fluxo constante do errôneo pensamento afetivo é o que alimenta a força motivadora da existência, produzindo uma vigorosa multiplicidade de falsas crenças que sustentam a vida. Cada entidade fenomênica - querendo prosseguir indefinidamente - evita pensar em seu próprio caráter transitório e se nega a observar os muitos sintomas ao seu redor que mostram a sujeição de todas as coisas à morte. Assim sendo, os Yoga-sutra dirigem a atenção para a instabilidade das coisas em que se assenta a vida: o universo; os corpos celestes que, com suas rotações, medem a marcam a passagem do tempo; e até os próprios seres divinos, "aqueles que ocupam as altas posições", que são os regentes do ciclo. O fato inegável de que, por natureza, inclusive estas grandes e aparentemente duradouras presenças têm que passar, garante o caráter transitório, fugaz e ilusório de todo o resto.
Os cinco impedimentos, juntos, distorcem todos os objetos da percepção, provocando assim novos equívocos a cada momento. (...) Do ponto de vista ocidental, toda a categoria dos "impedimentos" (klésa) poderia resumir-se no termo "personalidade". Eles são o feixe de forças vitais que constituem o indivíduo e que o engajam no mundo circundante. Nossa adesão ao ego, nossa ideia usual e concreta do que é o ego, nossa entrega espontânea às simpatias e antipatias que no cotidiano guiam a nossa conduta e que mais ou menos inconscientemente, são os elementos mais queridos de nossa natureza - tudo isto constitui os impedimentos. Através deles encontramos o primitivo anseio da criatura vivente, comum tanto aos homens quanto aos vermes, o abhinivesa: o impulso instintivo que nos obriga a continuar existindo. Do âmago da natureza de cada ser fenomênico surge um grito universal: "Que eu exista para sempre! Que eu possa seguir crescendo!" Face a face com a morte, este é o último desejo "até mesmo nos sábios". E, conforme a teoria indiana do renascimento, esta vontade de viver é forte o bastante para levar o indivíduo a cruzar o abismo da morte até uma nova encarnação, obrigando-o a tomar outra vez um novo corpo, nova máscara, nova veste, com os quais possa seguir vivendo.
Heinrich Zimmer
Nenhum comentário:
Postar um comentário