Meu vizinho de cela foi levado para outro presídio. Seu lugar foi ocupado por um homenzinho de pele tostada, cabelo negro e olhos escuros, infantilmente redondos, como os de uma boneca; o nariz, todavia, desmedidamente grande e largo, transformava o conjunto numa caricatura.
Sou o Tenente Vladimirescu! Do serviço de informação do Estado-Maior romeno!
De acordo com seu relato, o homem era de família aristocrática. Desde os três anos estava destinado ao serviço do Estado-Maior. Aos seis, ingressou como aluno na seção de informação. Uma vez adulto, escolheu como campo de operações a União Soviética, segundo ele um país com um serviço de contra-espionagem inexorável e, por isso mesmo, o mais difícil em que trabalhar, onde todos suspeitavam de todos. Agora, chegara à conclusão de que não havia se saído mal. Após adotar o nome de Ponomariov, dirigiu-se a Podolsk, onde deveria dedicar-se à sua especialidade. Pelas explicações de Vladimirescu, os agentes treinados para manobras diversionistas recebem uma instrução bem genérica e, não obstante, cada qual se consagra a uma especialidade estrita. Essa missão especial de Vladimirescu consistiu em cortar imperceptivelmente as cordas de suspensão dos paraquedas. Em Podolsk, o tenente foi recebido pelo chefe do depósito de paraquedas e ficou trancado por uma noite - oito horas - dentro do lugar. Empregando uma pequena escada, Vladimirescu alcançou a estante dos paraquedas, apalpou-os cautelosamente sem desarrumá-los, procurou as múltiplas amarras da suspensão principal e com uma tesoura cortou quatro quintos de sua espessura, para que a parte restante se rompesse sozinha no ar. Aplicou muitos anos de estudo e treinamento para poder agir assim naquela noite. Por fim, trabalhando febrilmente por oito horas, sabotou até dois mil paraquedas (um a cada quinze segundos!). "Apenas aniquilei uma divisão aerotransportada soviética", dizia com os olhos brilhando de satisfação.
Sou o Tenente Vladimirescu! Do serviço de informação do Estado-Maior romeno!
De acordo com seu relato, o homem era de família aristocrática. Desde os três anos estava destinado ao serviço do Estado-Maior. Aos seis, ingressou como aluno na seção de informação. Uma vez adulto, escolheu como campo de operações a União Soviética, segundo ele um país com um serviço de contra-espionagem inexorável e, por isso mesmo, o mais difícil em que trabalhar, onde todos suspeitavam de todos. Agora, chegara à conclusão de que não havia se saído mal. Após adotar o nome de Ponomariov, dirigiu-se a Podolsk, onde deveria dedicar-se à sua especialidade. Pelas explicações de Vladimirescu, os agentes treinados para manobras diversionistas recebem uma instrução bem genérica e, não obstante, cada qual se consagra a uma especialidade estrita. Essa missão especial de Vladimirescu consistiu em cortar imperceptivelmente as cordas de suspensão dos paraquedas. Em Podolsk, o tenente foi recebido pelo chefe do depósito de paraquedas e ficou trancado por uma noite - oito horas - dentro do lugar. Empregando uma pequena escada, Vladimirescu alcançou a estante dos paraquedas, apalpou-os cautelosamente sem desarrumá-los, procurou as múltiplas amarras da suspensão principal e com uma tesoura cortou quatro quintos de sua espessura, para que a parte restante se rompesse sozinha no ar. Aplicou muitos anos de estudo e treinamento para poder agir assim naquela noite. Por fim, trabalhando febrilmente por oito horas, sabotou até dois mil paraquedas (um a cada quinze segundos!). "Apenas aniquilei uma divisão aerotransportada soviética", dizia com os olhos brilhando de satisfação.
Alexander Soljenitsin
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