3 de fevereiro de 2017

O universo sou eu


Que me pode dar a China que a minha alma me não tenha já dado? E, se a minha alma me não pode dar, como me dará a China, se é com a minha alma que verei a China, se a vir? Poderei ir buscar riqueza ao Oriente, mas não riqueza de alma, porque a riqueza de minha alma sou eu, e eu estou onde estou, sem Oriente ou com ele. Somos todos míopes, exceto para dentro. Só o sonho vê com o olhar. Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo? O universo não é meu: sou eu.

Bernardo Soares

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