28 de fevereiro de 2017

A máscara


Cada vez que ponho uma máscara
para esconder minha realidade,
fingindo ser o que não sou,
fingindo não ser o que sou,
faço-o para atrair o outro
e logo descubro
que só atraio a outros mascarados
distanciando-se dos outros
devido a um estorvo: a máscara.
Faço-o para evitar que
os outros vejam minhas debilidades
e logo descubro que,
ao não verem minha humanidade,
os outros não podem me querer pelo que sou,
senão pela máscara.
Faço-o para preservar minhas amizades
e logo descubro que,
quando perco um amigo,
por ter sido autêntico,
realmente não era meu amigo,
e, sim, da máscara.
Faço-o para evitar ofender alguém
e ser diplomático
e logo descubro que
aquilo que mais ofende às pessoas,
das quais quero ser mais íntimo,
é a máscara.
Faço-o convencido de que
é o melhor que posso fazer para ser amado
e logo descubro o triste paradoxo:
o que mais desejo obter com minhas máscaras é,
precisamente, o que não consigo com elas.

Gilbert Brenson Lazan

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