10 de novembro de 2016

Por que há tanto sofrimento?


Por que o mundo se encontra nas condições atuais? Por que há tanto sofrimento?

De todas as perguntas que o homem já fez a Mim, essa é a que fez mais vezes, desde o início dos tempos. Desde o primeiro momento vocês quiseram saber: Por que tem de ser assim?
A forma clássica de fazê-la geralmente é algo como: Se Deus é perfeito e ama a todos, por que criaria as pestes e a fome, as guerras e doenças, os terremotos, tornados, furacões e todos os desastres naturais, as grandes desilusões pessoais e calamidades mundiais?
A resposta para essa pergunta está no maior mistério do universo e no significado mais importante da vida.
Eu não demonstro a Minha bondade criando apenas o que chamam de perfeição ao seu redor. Não demonstro o Meu amor sem permitir-lhes demonstrar o seu.
Como já expliquei, não se pode demonstrar amor enquanto não se demonstra o não-amor. uma coisa não pode existir sem o seu oposto, exceto na esfera do absoluto. Porém, essa esfera não foi suficiente para vocês ou para Mim. Eu existia lá, na eternidade, que é de onde vocês também vieram.
No absoluto não existe experiência, há apenas conhecimento. O conhecimento é um estado divino, mas a maior alegria está em ser. Só se consegue ser depois da experiência. A evolução é esta: conhecimento, experiência, ser. Essa é a Santíssima Trindade, que é Deus.
Deus-Pai é conhecimento, o pai de todo o saber, o criador de todas as experiências, porque não se pode experimentar aquilo que não se conhece.
Deus-Filho é experiência, a encarnação de tudo que o Pai sabe sobre Ele Mesmo, porque não se pode ser o que não se experimentou.
Deus-Espírito Santo é ser, a desencarnação de tudo que o Filho experimentou Dele Mesmo; o simples e belo ato de ser, possível apenas através da lembrança do conhecimento e da experiência.
Esse simples ato de ser é beatitude celeste. É um estado de Deus, depois de conhecer e experimentar a Ele Mesmo. É aquilo pelo que Deus ansiou no início.
É claro que você já passou do ponto em que Eu precisaria explicar-lhe que as descrições de pai e filho não têm nada a ver com gênero. Uso aqui a linguagem pictórica de seus livros sagrados mais recentes. Muito antes, os escritos sagrados colocaram essa metáfora em um contexto mãe-filha. Nenhum deles está correto. Sua mente pode entender melhor o relacionamento como criador-criatura, ou o-que-dá-origem-a, e o-que-se-origina. Acrescentar a terceira parte da Trindade produz esse relacionamento: o que dá origem a/o que se origina/o que é.
Essa realidade trina é a "assinatura" de Deus, o modelo divino. (...) Alguns de seus filósofos dizem que uma coisa só é verdadeira quando o é em pensamentos, palavras e atos. Quando discutem o tempo, vocês falam apenas de três tempos: passado, presente e futuro. De igual modo, há três momentos em sua percepção: antes, agora e depois. Em termos de relacionamentos espaciais, considerando os pontos no universo ou vários pontos em seu próprio espaço, vocês reconhecem aqui, lá e o espaço no meio.
Em termos de relacionamentos inferiores, vocês não reconhecem o espaço "no meio". Isso ocorre porque esses relacionamentos são sempre díades, enquanto os relacionamentos da esfera superior são sempre tríades. Portanto, há esquerda e direita, em cima e embaixo, grande e pequeno, rápido e lento, quente e frio e a maior díade já criada: homem e mulher. Não há nada no meio dessas díades. Uma coisa é uma coisa ou a outra, ou alguma versão mais ou menos usada em relação a uma dessas polaridades.
Dentro da esfera dos relacionamentos inferiores, nada pode existir sem uma conceitualização de seu oposto. A maior parte das suas experiências diárias se baseia nessa realidade.
Dentro da esfera dos relacionamentos sublimes, nada que existe tem um oposto. Tudo É um, e progride de um para o outro em um ciclo interminável.
O tempo é uma esfera sublime, na qual o que vocês chamam de passado, presente e futuro existem inter-relacionalmente. Isto é, não são opostos, mas sim partes do mesmo todo; desenvolvimentos da mesma ideia; ciclos da mesma energia; aspectos da mesma Verdade imutável. Se vocês concluírem disso que passado, presente e futuro existem um de cada vez e ao mesmo "tempo", estarão certos.
(...)
O mundo se encontra nas condições atuais porque não poderia ser de outro modo e ainda assim existir na esfera inferior da materialidade. Terremotos e furacões, enchentes e tornados e outras calamidades que vocês chamam de desastres naturais são apenas movimentos dos elementos de uma polaridade para a outra. Todo o ciclo de nascimento e morte é parte desse movimento. Esses são os ritmos da vida, e tudo na esfera inferior está sujeito a eles, porque a vida em si é um ritmo. É uma onda, uma vibração, uma palpitação no próprio coração do Tudo Que É.
A doença e o mal-estar são os opostos da saúde e do bem-estar, e se manifestam em sua realidade obedecendo às suas ordens. Vocês não podem adoecer sem provocar a doença em algum nível, e podem ficar sadios de novo em um instante simplesmente decidindo por isso. As grandes desilusões pessoais são reações escolhidas, e as calamidades mundiais são o resultado da consciência mundial.
Sua pergunta supõe que Eu escolho esses eventos, que é a Minha vontade e o Meu desejo que aconteçam. Contudo, Eu não desejo que esses desastres naturais aconteçam, apenas observo vocês ocasionando-os. E não faço nada para impedi-los, porque isso seria contrariar a sua vontade, o que, por sua vez, os privaria da experiência de Deus, que é a experiência que vocês e Eu escolhemos juntos.
Portanto, não condene tudo que chamaria de ruim no mundo. Em vez disso, pergunte-se o que considerou ruim e o que deseja fazer para mudá-lo.
Pergunte a si mesmo: "Que parte do meu Eu desejo agora experimentar diante dessa calamidade? Que aspecto do ser devo fazer aparecer?" Porque toda a vida existe como um instrumento de sua própria criação, e todos os seus eventos meramente se apresentam como oportunidades para você decidir e ser Quem É.
Isso é verdadeiro para todas as almas, e portanto você vê que não há vítimas no universo, apenas criadores. Todos os Mestres que nasceram neste planeta sabiam disso. É por esse motivo que nenhum deles se imaginava vitimizado, embora muitos literalmente tenham sido crucificados.
Cada alma é um Mestre, embora algumas almas não se lembrem de suas origens ou heranças. Contudo, cada qual cria a situação e condição para o seu objetivo mais elevado e a sua lembrança mais rápida - em cada momento chamado de agora.
Então não julgue o caminho cármico trilhado por outra pessoa. Não sinta inveja do sucesso e nem pena do fracasso, porque não sabe o que é sucesso ou fracasso na avaliação da alma. Não diga que algo é uma calamidade ou um evento feliz até decidir, ou testemunhar, qual é seu objetivo. Pois a morte é uma calamidade se salvar as vidas de milhares de pessoas? E a vida é um evento feliz se só causar sofrimento? Contudo, não deve julgar nem mesmo isso. Guarde sempre para si mesmo as suas opiniões, e deixe os outros fazerem o mesmo.
Isso não significa ignorar um pedido de ajuda, ou a ânsia de sua própria alma de trabalhar visando a mudança de alguma situação ou condição. Significa evitar rótulos e julgamentos enquanto faz o que quer que seja. Porque todas as situações são uma dádiva, e cada experiência é um tesouro oculto.
Certa vez, existiu uma alma que sabia que era a luz. Sendo uma alma nova, ansiava por experiência. "Eu sou a luz", dizia repetidamente. Mas todo o seu conhecimento e todas as suas palavras não podiam substituir a experiência de ser a luz. E na esfera onde essa alma surgiu, só havia luz. Todas as almas eram sublimes e magnificentes, e irradiavam o brilho da Minha grande luz. E por isso a pequena alma em questão era como uma vela sob o sol. No meio da luz maior - da qual era parte - não podia ver a si mesma, experimentar-se como Quem Realmente Era.
Acontece que aquela alma desejava muito conhecer a si mesma. Tão profundo era esse seu desejo que um dia Eu lhe disse:
- Você sabe, Pequena Alma, o que deve fazer para satisfazer o seu desejo?
- Ah, o que, Deus? O quê? Eu farei qualquer coisa - disse ela. - Deve separar-se do restante de nós - disse Eu - e então evocar a escuridão.
- O que é a escuridão, ó Santíssimo? - perguntou a pequena alma.
- O que você não é.
E a alma compreendeu. Afastou-se do todo, chegando a ir até outra esfera. Nela, teve o poder de experimentar todos os tipos de escuridão. E o fez.
Contudo, no meio daquelas trevas, gritou:
- Pai, Pai, por que me abandonastes?
Vocês têm feito isso em seus momentos mais difíceis. Entretanto, eu nunca os abandonei. Estou sempre ao seu lado pronto para lembrar-lhes Quem Realmente São; para chamá-los de volta ao lar.
Por isso, sejam uma luz na escuridão, e não a amaldiçoem.
E não se esqueçam de Quem São no momento em que forem rodeados pelo que não são. Mas louvem a criação, mesmo quando tentarem mudá-la.
E saibam que aquilo que fizerem no seu momento de maior sofrimento poderá ser a sua maior vitória. Porque a experiência que criam é uma afirmação de Quem São - e de Quem Desejam Ser.
Eu lhe contei essa história - a parábola da pequena alma e do sol - para que você pudesse compreender melhor porque o mundo se encontra na situação atual, e como ele poderá mudar no momento em que todos se lembrarem da verdade divina de sua realidade mais transcendente.
Há aqueles que dizem que a vida é uma escola, e que as coisas que o ser humano observa e experimenta em sua vida visam o seu aprendizado. Eu já disse isso antes, e vou repetir:
Vocês vieram a este mundo sem nada a aprender - só têm de demonstrar o que já sabem. Ao demonstrá-lo vocês se recriam, através de suas experiências. Dessa forma, justificam a vida, dão-lhe um objetivo e tornam-na sagrada.

Neale Donald Walsch

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