9 de novembro de 2016

A vida não é uma escola?


A vida não é uma escola?

Não.

Estou confuso. Ouvi mestre após mestre dizer que a vida é uma escola. Fico realmente surpreso ao ouvir o Senhor negar isso.

A escola é um lugar para onde você vai se há algo que não sabe e deseja saber. Não é um lugar para onde vai se já sabe uma coisa e deseja apenas experimentar o seu conhecimento. A vida (como a chamo) é uma oportunidade de você saber experimentalmente o que já sabe conceitualmente. Não precisa aprender coisa alguma para fazer isso. Preciso apenas lembrar do que já sabe, e agir de acordo com esse conhecimento.

Não sei se entendi bem.

Vamos começar aqui. A alma - sua alma - sabe tudo que há para saber o tempo todo. Nada é misterioso ou desconhecido para ela. Contudo, saber não é o suficiente. A alma procura experimentar. Você pode saber ser generoso, mas a menos que faço algo que demonstre a sua generosidade, terá apenas um conceito. Pode saber ser bondoso, mas a menos que seja bondoso com alguém, só terá uma ideia a respeito de si mesmo. É desejo de sua alma transformar o seu melhor conceito sobre si mesmo em sua melhor experiência. Enquanto o conceito não se torna experiência, tudo que há é especulação. Eu especulo a respeito de Mim Mesmo há muito tempo. Há mais tempo do que Eu e você juntos poderíamos nos lembrar, do que a idade deste universo multiplicada por dois. Então você vê o quanto é nova a Minha experiência de Mim Mesmo.

O Senhor me deixou confuso de novo. A experiência de Si Mesmo?

Sim. Deixe-me explicar:
No início, o que É era tudo que havia. Porém, Tudo Que É não podia conhecer-se - porque não havia mais coisa alguma. E então, Tudo Que É... não era. Porque, na ausência de outra coisa, Tudo Que É não é.
Esse é o grande Ser ou Não Ser a que os místicos se referem desde o início dos tempos.
Tudo Que É sabia que era tudo que existia – mas isso não era suficiente, porque só podia conhecer a sua total magnificência conceitualmente, não experimentalmente. Contudo, a experiência de Si Mesmo era aquilo pelo que ansiava, porque desejava saber como era ser tão magnificente. Mas isso era impossível, porque o próprio termo "magnificente" é um termo relativo. Tudo Que É só poderia saber como era ser magnificente, quando o que não é surgisse. Na ausência do que não é, o que É não é.
Você compreende isso?

Acho que sim. Continue.

Está bem.
A única coisa que Tudo Que É sabia é que nada mais havia. Portanto, nunca poderia conhecer a Si Mesmo a partir de um ponto de referência externo. Esse ponto não existia. Só existia um ponto de referência, que era interno. O "É-Não É". O Sou-Não Sou.
Mas o Tudo de Tudo decidiu conhecer-se experimentalmente.
Essa energia - pura, não-vista, não-ouvida, não-observada e portanto desconhecida por qualquer outra energia - decidiu experimentar a Si Própria em toda a sua magnificência. Para fazer isso, percebeu que teria de usar um ponto de referência interno.
Deduziu bastante corretamente que qualquer parte de si própria teria necessariamente de ser menos do que o todo, e que se simplesmente se dividisse em partes, cada uma delas, sendo menos do que o todo, poderia olhar para o restante e ver magnificência.
E então Tudo Que É dividiu-se - tornando-se, em um momento glorioso, o que é isto, e o que é aquilo. Pela primeira vez, existiram isto e aquilo, bem separados um do outro, e ainda assim, simultaneamente. Como tudo que não era nem um nem outro.
Portanto existiram subitamente três elementos: o que está aqui, o que está lá, e o que não está aqui nem lá - mas que devia existir para que lá e aqui existissem.
É o nada que contém o tudo. É o não-espaço que contém o espaço. É o todo que contém as partes.
Consegue compreender isso?

Acho que sim. Acredite ou não, o Senhor usou uma ilustração tão clara que acho que estou realmente compreendendo.

Vou continuar. Agora esse nada que contém o tudo é o que algumas pessoas chamam de Deus. Porém, isso também não é exato, porque sugere que há algo que Deus não é - a saber, tudo que não é "nada". Mas Eu sou Todas as Coisas - visíveis e invisíveis - por isso essa descrição de Mim como o Grande Invisível - o Nada, ou o Espaço no Meio, uma definição mística de Deus essencialmente oriental, não é mais exata do que a descrição prática de Deus essencialmente ocidental como tudo que é visível. As pessoas que acreditam que Deus é Tudo Que É e Tudo Que Não É são aquelas cuja compreensão é correta.
Criando o que é "aqui" e o que é "lá", Deus tornou possível conhecer a Si Mesmo. No momento dessa grande explosão interior, criou a relatividade - a maior dádiva que Ele já deu a Si Mesmo. Portanto, o relacionamento é a maior Dádiva que Ele já deu a vocês, um ponto a ser discutido detalhadamente mais tarde.
Portanto, do Nada surgiu o Tudo - um evento espiritual perfeitamente compatível com o que os seus cientistas chamam de Teoria da Grande Explosão.
Quando todos os elementos se precipitaram para frente, o tempo foi criado, porque primeiro uma coisa estava aqui, e depois lá e o período que havia demorado para ir daqui para lá era mensurável.
Assim como as partes visíveis do Tudo Que É começaram a se definir "relativamente" umas às outras, as invisíveis também se definiram.
Deus sabia que para o amor existir - e conhecer-se como amor puro - seu exato oposto também tinha de existir. Por isso, Ele criou voluntariamente a grande polaridade – o oposto absoluto do amor - tudo que o amor não é – o que agora é chamado de medo. No momento em que o medo existiu, o amor pôde existir como algo que podia ser experimentado.
É a essa criação da dualidade entre o amor e o seu oposto que os seres humanos se referem em suas várias mitologias como o aparecimento do mal, a desgraça de Adão, a rebelião de Satanás e assim por diante.
Do mesmo modo como vocês escolheram personificar o amor puro como aquele a quem chamam de Deus, escolheram personificar o medo abjeto como aquele a quem chamam de demônio.
Algumas pessoas na Terra criaram mitologias bastante elaboradas em torno desse evento, cheias de cenários de lutas e guerra, anjos guerreiros e demônios, as forças do bem e do mal, da luz e das trevas.
Essa mitologia foi a primeira tentativa da humanidade de compreender, e contar às outras pessoas de um modo que pudessem compreender, uma ocorrência cósmica da qual a alma humana está muito consciente, mas que a mente mal pode conceber.
Criando o universo como uma versão dividida de Si Mesmo, Deus produziu, a partir de pura energia, tudo que agora existe visível e invisível.
Em outras palavras, não foi só o universo físico que foi criado, como também o universo metafísico. A parte de Deus que forma a segunda metade da equação Sou-Não Sou também explodiu em um número infinito de unidades menores do que o todo. Essas unidades de energia vocês chamariam de espíritos.
Em algumas de suas mitologias religiosas é dito que "Deus-Pai" tem muitos filhos espirituais. Esse paralelo com as experiências humanas da vida se multiplicando parece ser o único modo de fazer as massas aceitarem como realidade a ideia do súbito aparecimento, da súbita existência de inúmeros espíritos no "Reino do Céu".
Nesse caso, seus mitos e suas histórias não estão tão longe da realidade suprema – porque os inúmeros espíritos que formam a totalidade de Mim são, em um sentido cósmico, Meus filhos.
Meu propósito divino ao Me dividir foi criar partes suficientes de Mim para poder conhecer a Mim Mesmo experimentalmente. Há apenas uma forma do Criador conhecer-se experimentalmente como tal, e essa forma é criar. E então Eu dei às inúmeras partes de Mim (a todos os meus filhos espirituais) o mesmo poder de criar que Eu tenho com o todo.
Isso é o que as suas religiões querem dizer quando afirmam que vocês foram criados "à imagem e semelhança de Deus". Isso não significa, como alguns sugeriram, que nossos corpos físicos se assemelham (embora Eu possa adotar qualquer forma física que escolher para um objetivo particular). Significa que nossa essência é a mesma. Somos feitos da mesma essência. SOMOS a "mesma essência"! Com as mesmas propriedades e habilidades - inclusive a habilidade de criar a realidade física a partir do nada.
Meu objetivo ao criá-los, Meus filhos espirituais, foi conhecer a Mim Mesmo como Deus. Só posso fazer isso através de vocês. Portanto, pode-se dizer (como foi dito muitas vezes) que o Meu objetivo é que vocês se conheçam como Eu.
Isso parece muito simples, mas se torna muito complexo - porque só há um modo de vocês se conhecerem como Eu: primeiro se conhecerem como não Eu.
Agora deixe-me explicar isso.
(...)
Há um modo pelo qual Eu podia ter feito todos os Meus filhos espirituais se conhecerem como partes de Mim: simplesmente dizer-lhes o que eram. Isso eu fiz. Mas não foi suficiente para o Espírito simplesmente conhecer a Si mesmo como Deus, ou parte de Deus, ou filho de Deus, ou herdeiro do Reino (ou o que afirme qualquer mitologia que queiram usar).
Como já expliquei, saber algo e experimentá-lo são duas situações diferentes. O Espírito ansiava por conhecer-se experimentalmente (como Eu fiz!). A consciência conceitual não foi suficiente para vocês. Então Eu elaborei um plano. É a ideia mais extraordinária em todo o universo - e a colaboração mais espetacular. Digo colaboração porque todos vocês estão participando disso Comigo.
Segundo o plano, vocês como espíritos puros entrariam no universo físico recém-criado. Isso porque a materialidade é o único modo de saber experimentalmente o que se sabe conceitualmente. De fato, esse é o motivo pelo qual eu criei primeiramente o universo físico, e o sistema de relatividade que o governa, e tudo que existe.
Uma vez no universo físico vocês, Meus filhos espirituais, podiam experimentar o que sabiam sobre si mesmos; mas primeiro tinham de conhecer o oposto. Explicando isso de um modo simplista, vocês não podem saber que são altos, se não souberem o que é ser baixo. Não podem experimentar a parte de si mesmos que chamam de gorda, se não souberem o que é ser magro.
Seguindo a lógica primária, vocês só podem experimentar a si mesmos como o que são quando se deparam com o que não são. É essa a finalidade da teoria da relatividade, e de toda a vida física. É de acordo com o que não são que vocês se definem.
Agora no caso do conhecimento primário - de se conhecerem como o Criador - vocês só podem experimentar a si mesmos como o Criador quando criam. E só podem criar a si mesmos quando se destroem. Em certo sentido, primeiro têm de "não ser" para ser. Está entendendo?

Eu acho que...

Preste atenção.
É claro que não há como vocês não serem quem e o que são - simplesmente são isso (espírito puro e criativo), sempre foram e sempre serão. Então vocês fizeram a melhor rota a seguir. Obrigaram-se a esquecer Quem Realmente São.
Ao entrarem no universo físico, renunciaram à lembrança de si mesmos. Isso lhes permite escolher ser Quem São, em vez de apenas, por assim dizer, acordar no castelo.
É no ato de escolher ser - em vez de simplesmente ser-lhes dito que são - uma parte de Deus que vocês se experimentam como sendo por livre escolha, o que é, por definição, Deus. Contudo, como podem ter uma escolha em relação a algo para o que não há escolha? Vocês não podem não ser Meus filhos, por mais que tentem - mas podem esquecer.
Vocês são, sempre foram e sempre serão, uma parte divina do todo divino, um membro do corpo. É por isso que o ato de reincorporar-se ao todo, de voltar para Deus, é chamado de lembrança. Vocês de fato escolhem lembrar Quem Realmente São, ou unir-se às suas várias partes para experimentar o seu todo, ou seja, Tudo de Mim.
Portanto, sua função na Terra não é aprender (porque já sabem), mas sim lembrar-se de Quem São; e de quem todas as outras pessoas são. É por isso que uma grande parte de sua função é lembrar aos outros (isto é, relembrar), para que também possam lembrar-se.
Todos os maravilhosos mestres espirituais têm feito justamente isso. Esse é o seu único objetivo. Ou seja, o objetivo da sua alma.

Neale Donald Walsch

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