Freud disse que são duas as fomes que moram no corpo. A primeira é a fome de conhecer o mundo em que vivemos. Queremos conhecer o mundo para sobreviver. Se não tivéssemos conhecimento do mundo à nossa volta saltaríamos pelas janelas dos edifícios, ignorando a força de gravidade, e colocaríamos a mão no fogo, por não saber que o fogo queima.
A segunda é a fome do prazer. Tudo o que vive busca o prazer. O melhor exemplo dessa fome é o desejo do prazer sexual. Temos fome de sexo porque é gostoso. Se não fosse gostoso, ninguém o procuraria e, como consequência, a raça humana acabaria. O desejo do prazer seduz.
Gostaria de poder ter tido uma conversinha com ele sobre as fomes, porque acredito que há uma terceira: a fome de alegria. Antigamente eu pensava que prazer e alegria eram a mesma coisa. Não são. É possível ter um prazer triste. A amante de Tomás, de A insustentável leveza do ser, se lamentava: "Não quero prazer, quero alegria!".
As diferenças. Para haver prazer, é preciso primeiro que haja um objeto que dê prazer: um caqui, uma taça de vinho, uma pessoa a quem beijar. Mas a fome de prazer logo se satisfaz. Quantos caquis conseguimos comer? Quantas taças de vinho conseguimos beber? Quantos beijos conseguimos suportar? Chega um momento em que se diz: "Não quero mais. Não tenho mais fome de prazer...".
A fome de alegria é diferente. Primeiro, ela não precisa de um objeto. Por vezes, basta uma memória. Fico alegre só de pensar num momento de felicidade que já passou. E, em segundo lugar, a fome de alegria jamais diz "Chega de alegria. Não quero mais...". A fome de alegria é insaciável.
A segunda é a fome do prazer. Tudo o que vive busca o prazer. O melhor exemplo dessa fome é o desejo do prazer sexual. Temos fome de sexo porque é gostoso. Se não fosse gostoso, ninguém o procuraria e, como consequência, a raça humana acabaria. O desejo do prazer seduz.
Gostaria de poder ter tido uma conversinha com ele sobre as fomes, porque acredito que há uma terceira: a fome de alegria. Antigamente eu pensava que prazer e alegria eram a mesma coisa. Não são. É possível ter um prazer triste. A amante de Tomás, de A insustentável leveza do ser, se lamentava: "Não quero prazer, quero alegria!".
As diferenças. Para haver prazer, é preciso primeiro que haja um objeto que dê prazer: um caqui, uma taça de vinho, uma pessoa a quem beijar. Mas a fome de prazer logo se satisfaz. Quantos caquis conseguimos comer? Quantas taças de vinho conseguimos beber? Quantos beijos conseguimos suportar? Chega um momento em que se diz: "Não quero mais. Não tenho mais fome de prazer...".
A fome de alegria é diferente. Primeiro, ela não precisa de um objeto. Por vezes, basta uma memória. Fico alegre só de pensar num momento de felicidade que já passou. E, em segundo lugar, a fome de alegria jamais diz "Chega de alegria. Não quero mais...". A fome de alegria é insaciável.
Rubem Alves
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