8 de julho de 2020

Happiness


A riqueza está desigualmente distribuída e boa parte dela é desperdiçada. Nos Estados Unidos, onde o consumo e o desperdício excessivos converteram-se num modo de vida, cinco por cento da população do mundo consomem atualmente um terço de seus recursos, com um consumo de energia per capita que é cerca do dobro do da maioria dos países europeus. Simultaneamente, as frustrações criadas e alimentadas por doses maciças de publicidade, combinadas com a injustiça social dentro da nação, contribuem para uma criminalidade e uma violência crescentes, além de outras patologias sociais. Esse triste estado de coisas é bem ilustrado pelo conteúdo esquizofrênico das revistas semanais. Metade de suas páginas estão cheias de histórias sombrias acerca de crimes violentos, desastre econômico, tensão política internacional e a corrida em direção à destruição global, enquanto a outra metade retrata gente feliz e despreocupada através de maços de cigarros, garrafas de bebidas alcoólicas e refulgentes carros novos. A publicidade na televisão influencia o conteúdo e a forma de todos os programas, incluindo os "shows de notícias", e usa o tremendo poder sugestivo desse veículo - ligado durante seis horas e meia diárias pela família americana média - para modelar as imagens das pessoas, distorcer nestas o sentido de realidade e determinar suas opiniões, seus gostos e seu comportamento. A finalidade exclusiva dessa prática perigosa é condicionar a audiência a comprar os produtos anunciados antes, depois e durante cada programa.

Fritjof Capra

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